sexta-feira, 1 de abril de 2011

JCVD, o filme em que Van Damme interpreta Van Damme

Começo fazendo a pergunta:

O que houve com Jean Claude Van Damme?


Foi uma pergunta que me fiz durante muitos anos. Assim como muitos adolescentes da minha época o tinha entre meus atores prediletos e os seus filmes eram o que havia de mais legal no cinema de ação dos anos 90, juntamente com Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone.

O que houve com Van Damme? Assim como minha adolescência, aquele Van Damme ficou pro passado.O tempo passou e ele não soube se reinventar. Ao invés disso tentou (sem sucesso) reviver o seu passado: Soldado Universal 2 ( Um dos piores filmes que já vi.) e "Replicante" (Tentando a formula de sucesso de “Duplo Impacto” com dois “Van Dammes”).

Os bons filmes de ação como: “Time Cop”, “Morte Súbita”, “Risco Máximo” , “Soldado Universal” e “O Alvo (esse com o mestre da ação John Woo) deram lugares a verdadeiras bombas como “Inferno “ (Mais um dos piores filmes que já vi), “Operação Fronteira” (mais um pra lista dos piores) , talvez a única coisa que tenha feito de bom nesse tempo foi o bom drama de prisão “Hell”.



A parceria com alguns bons diretores chineses como Ringo Lam e TSui Hark já não davam mais resultados e seus filmes aqui no Brasil nem se quer chegaram a ir para os cinemas, saindo direto em DVD (O Último foi Replicante – 2001).


Seus concorrentes do cinema de ação tomaram seus rumos: Arnold foi pra política, já Stallone conseguiu com êxito reviver seu passado com "Rambo IV" e "Rock VI" (Van Damme chegou a negar o convite de Stallone para participar do ainda inédito e gravado no Brasil “Os Mercenários), restando a Van Damme voltar as suas origens ou seja, o mercado Europeu.

E é justamente disso que se trata JCVD, Um astro decadente voltando para sua cidade natal e que pode ser visto de 2 maneiras: Um filme sincero de um astro que deu a cara a bater após suas derrotas ou uma amostra patética de um rei que fez ruir o seu próprio castelo só lhe restando a humildade (quase sempre tardia).


Em "JCVD" Van Damme se vê falido, lutando pela custódia da filha que diz se envergonhar cada vez que ele aparece na TV (imagine se ela tivesse visto aquele episódio lamentável no programa do Gugu).

Em uma cena o advogado de acusação no tribunal cita os “belos exemplos paternos” contidos em seus filmes como: Mutilação, tiros, etc... Van Damme então se dirige a um correio para tentar fazer uma retirada em dinheiro pois o banco não liberava o seu cartão, quando percebe que o correio está sendo assaltado. A Polícia chega ao local e corre o boato de que Van Damme seria um dos assaltantes , criando um alvoroço na multidão que de vilão acaba tentando transformá-lo em herói (assim como no clássico de Sidney Lummet “Um dia de Cão” - guardada as devidas proporções claro). Van Damme tem nesse filme uma de suas melhores atuações. Os chutes e pontapés ainda estão lá, mas dessa vez ele não faz mais disso sua principal arma.

O Monólogo de quase 6 minutos sobre drogas, fama, mulheres, remorso, culpa e a decadência de sua carreira são dignos de aplauso, chegando a emocionar. Van Damme mostra estar cansado (literalmente) de tudo isso , bem representado na ótima tirada no começo do filme quando faz uma cena de ação de 4 minutos ininterruptos e que no final da cena é tratado com desprezo por um diretor chinês e agora tem algo a mais a mostrar além de seus golpes e músculos.



O Humor também está presente no filme, talvez de maneira exagerada e caricata nos vilões. Num momento do filme um dos vilões diz a Van Damme: “John Woo foi muito ingrato com você. Você o trouxe pra Hollywood, se não fosse isso ele estaria filmando pombinhos até hoje em Hong Kong (umas das marcas registradas do diretor) e o que ele fez”? e Van Damme rebate: “Pelo menos ele fez “A Outra Face” (risos) ou quando ele diz que perdeu um papel para Steven Seagal por que ele decidiu cortar o rabo de cavalo.

JCVD foi muito bem recebido pela crítica, e a revista TIME declarou a performance de Van Damme neste filme como a segunda melhor do ano de 2008, perdendo apenas para Heath Ledger no papel do Coringa em “O Cavaleiro das Trevas”.



O Filme foi dirigido pelo diretor franco-algeriano Mabrouk El Mechri, que segundo Van Damme iria fazer com sua carreira o que Scorsese fez com Robert De Niro no filme “Rei da Comédia”. É engraçado como papéis decadentes servem como pontes para uma possível reviravolta na carreira. Foi assim com De Niro em "Touro Indomável" ou com Stallone em "Cop LAnd" quando engordaram mais de 20 kg para o papel, mas Van Damme nao precisou engordar para fazer um papel de um homem decadente, ele apensas se despiu de seu orgulho para mostrar sua própria decadência.

É cedo ainda para dizer se essa será uma nova reviravolta na carreira do “astro”, mas uma coisa podemos dizer: poucas vezes um ator foi tão corajoso em expor de maneira tão verdadeira a sua própria decadência.

JCVD

Ano de Lançamento: 2008
Direção: Mabrouk El Mechri
Elenco: Jean-Claude Van Damme (Ele Mesmo), Zinedine Soualem, Karim Belkhadra, François Damiens

Sinopse: "O roteiro fala de um cara que é preso várias vezes nos EUA. Alcoólatra, sua vida vai do sucesso ao fracasso. Agora esse cara está deixando os EUA para se renovar, voltar para Bruxelas e ver seus pais. Ele não tem dinheiro e está procurando qualquer papel em filmes de ação para pagar seus advogados pela custódia dos filhos. Daí ele aparece em uma agência do correio onde está acontecendo um assalto, e as pessoas começam a achar que meu personagem faz parte do assalto." - Van Damme.

Fonte: CINEMOVIES

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