quinta-feira, 2 de junho de 2011

Livro resgata fase áurea dos nocautes de Tyson


Há 20 anos, Mike Tyson foi preso por abuso sexual, encerrando a primeira fase de sua carreira, quando ficou conhecido pelo estilo agressivo dentro dos ringues, que o levou ao título mundial com nocautes brutais. A partir da condenação, no entanto, a vida pessoal do peso pesado passou a se sobrepujar sobre o seu lado atleta, com confusões, abuso de drogas e uma triste aposentadoria. Esquecendo um pouco deste lado “sombrio”, um livro brasileiro lançado nesta terça-feira resgata aquele Tyson que arrebatou fãs para o pugilismo e, ao descrever suas lutas, explica um pouco do sucesso do norte-americano com as luvas.

O projeto é assinado pelo jornalista do jornal “O Estado de S. Paulo” Wilson Baldini Jr. Com “'Mike Tyson – Uma trajetória de nocautes”, o especialista em boxe selecionou dez combates do lutador e, ao detalhar os preparativos, as lutas e seus desdobramentos, conta um pouco da história do norte-americano, analisando sua desenvoltura no quadrilátero.

“É um livro puramente jornalístico. Foquei tudo nas lutas: pré-luta, luta e pós-luta. Não tem estupro, problemas com a polícia, nada do que aconteceu fora do boxe”, explica Baldini. “É um resgate da vida dele, mas como lutador. A ideia foi pegar dez lutas que contem histórias da carreira dele, para não ter de contar puramente de forma cronológica, como numa biografia.”

Curiosamente, foi uma polêmica dentro do ringue que inspirou Baldini a escrever um livro. Nascido no Bom Retiro, bairro tradicional de São Paulo, ele cresceu cercado por histórias de Eder Jofre e Muhammad Ali, mas foi como jornalista que acompanhou seu maior ídolo, Tyson, inclusive indo aos Estados Unidos para cobrir seus duelos.

Após assistir ao famoso combate de 1997, em que Tyson mordeu a orelha de Evander Holyfield, Baldini resolveu tentar a sorte como autor. Depois de muita briga para conseguir uma editora, fechou com a Publisher Brasil, que o aconselhou a aumentar a abrangência de lutas.

Além das duas com Holyfield, ele escolheu então mais oito, incluindo aí rivais do “Iron Mike” como Michael Spinks e Marvis Frazier. “Faltam lutas? Faltam. Teria outras para colocar, mas é é legal causar essa discussão com o leitor, um debate gostoso, que vira interminável.”

Entre as entrevistas colhidas à época de cada luta e os registros relembrados pelo próprio jornalista, Baldini analisa o estilo de Tyson. Parte do que se via no ringue, admite ele, é fruto de sua infância difícil, em que passou diversas vezes por prisões antes de encontrar o boxe e mudar de vida, com uma carreira muito bem planejada.

“O que sempre falo é que ele teve uma carreira muito bem planejada. Tyson tinha empresários que sabiam tratar da parte de marketing, algo que ainda não era tão bem desenvolvido. Após seu primeiro ano, eles pegaram suas lutas, fizeram uma fita cassete e entregaram para os comentaristas. A partir disso, virou um burburinho vê-lo lutar”, conta ele.

Com as luvas, o modo de lutar excêntrico para a categoria ajudou a formar um ídolo. “Quando se fala em um peso pesado, pensa-se num cara grande. Mas ele tem 1,81. Então, seu estilo de encurtar a distância contra adversários mais altos e conseguir nocautes violentos é que formou uma áurea absurda em torno do seu nome”, completou Baldini, que diz ter nos planos ampliar a literatura nacional de boxe, planejando contar no futuro histórias de ídolos brasileiros como Maguila e Eder Jofre.

Assista a alguns dos melhores nocautes do jovem Mike Tyson





Fonte: UOL Esporte

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